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Analisando "O espelho" de Machado de Assis - Prosa e Psicologia
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Analisando “O espelho” de Machado de Assis

Analisando “O espelho” de Machado de Assis

            Nesse conto de Machado de Assis, o autor deu uma sacudida em quem faz essa leitura, você não sentiu isso? Discutir sobre a alma humana gera inúmeras possibilidades, mas a ideia que ele trouxe foi sobre o ser humano ter duas almas: “uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro”. E para explicar essa hipótese, ele conta sobre uma experiencia vivida pelo personagem Jacobina.

            Machado de Assis mostra ao longo da leitura sobre como somos dependentes do outro. Tão dependentes a ponto de que quando nos isolamos, e precisamos lidar com o nosso eu, chegamos a entrar em crise. Essa alma que olha de fora para dentro, no conto, é uma posição profissional. O que é muito comum atualmente, quantas pessoas idealizam um cargo ou profissão, e justamente a idealização – não só dele, mas de quem está ao seu redor – faz com que a pessoa tenha a sensação de que ela é aquela profissão. Em tempos de redes sociais, essa alma que olha de fora na maioria das vezes são curtidas, comentários e visualizações de outras pessoas que você nunca ouviu falar, mas que se concretizam em números.

            O ponto é, quando Jacobina acaba ficando só por uma situação inusitada, todo aquele ideal alimentado pelo outro, lhe gera uma crise, afinal o que lhe sobrou foi a alma que olha de dentro para fora. Uma vez que esta alma não foi “alimentada”, ele chegou a ter a sensação que estava enlouquecendo. O que me faz pensar em quando você deixa de lado sua profissão, seu número de seguidores, sua situação financeira, ou o que seja… O que sobra?

            O outro é sim muito importante para a formação da nossa identidade, mas essa percepção interna de que somos mais do que algo externo é muito necessário, e é justamente o que estamos deixando de lado. Tudo o que externo é passageiro, sua profissão, sua posição socioeconômica, seus bens, seu número de seguidores… o que restará no final são os seus valores, as amizades que foram cultivadas, tudo o que aprendeu em sua vida. E caso, você acabe se encontrando em uma situação de isolamento igual Jacobina, é quando virá à tona o quão (ou não) você é dependente desse outro. E isso, tem tudo a ver com aquela conversa sobre os medos de ficar sozinho. Entende por quê? Ficar sozinho implica lidar consigo mesmo, qual a graça de ter uma profissão e ninguém te elogiar? Qual a graça de postar uma foto e não ter aquele número de curtidas? É… Mal sabia Machado de Assis que um dia iríamos depender tanto dessa alma que nos olha de fora para dentro.

Eloisa Sobh Ambrosio

Sou psicóloga (CRP 08/23287) formada pela Universidade Estadual de Londrina e atendo na clínica psicológica a partir da abordagem da Análise do Comportamento. Estou concluindo uma especialização na PUC - Londrina em Análise do Comportamento Aplicada, mais conhecida como ABA. Atualmente trabalho com adolescentes e adultos na região de Londrina.

1Comentário
  • joana

    ótimo

    20 de janeiro de 2022 at 08:42 Responder

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