Se desconhecendo em terapia.
Aqui no blog já foi exposto em diversos momentos que um dos principais objetivos da psicoterapia é desenvolver o autoconhecimento, que envolve entender sua história como ser humano, o impacto disso em suas relações, e até mesmo as questões genéticas da sua vida. A importância do autoconhecimento é promover aceitação da sua história, e fazer com que a pessoa tenha consciência da forma como se comporta e de como se relaciona com o outro, e assim ter mais autonomia em sua vida e em suas escolhas. Contudo, um passo importante nesse processo de autoconhecimento é o de se desconhecer.
O que envolve se desconhecer? Ao longo da vida, e das relações que se estabelece, o ser humano cria conclusões a cerca de si mesmo, conclusões baseadas no feedback que dão para ele e baseadas em percepções de si mesmo. Por exemplo, “tenho poucos amigos porque sou chato”. Às vezes, ninguém nunca falou isso para a pessoa, mas o “ser chato” é não mostrar interesse em uma conversa, não saber conversar, evitar interações sociais, e por fim, essa pessoa acaba não tendo nenhum amigo de fato. Entende como é diferente de alguém simplesmente chamá-lo de chato? Enfim, a partir das vivencias que temos, se cria sua autoimagem. Mas se alguém lhe questionar sobre como você se define, será que essa definição é verdadeira?
Em terapia, é necessário expor quem você é, e ao longo dos questionamentos em sessão, muitas pessoas percebem que aquelas definições não lhe cabem tanto como ela acreditava. Um exemplo fácil: uma pessoa que cresceu em um lar onde um engana o outro, e ela não se sente confortável em mentir, acaba sendo rotulada de chata, justamente por querer ser honesta. Ela estabelece para si que ser leal e verdadeira é ser chata. Durante o processo de psicoterapia, ela consegue entender as falhas do lugar em que veio, quão problemático é, e que ser honesta é uma qualidade.
Contudo, um dos pontos desse caminho para se desconhecer, é a sensação de estar perdido, afinal a pessoa construiu seu “eu” e precisa desconstruir… resta o que? É aí que se inicia o processo de construção, aceitação e conhecimento de quem você é de fato, quem é o outro que se relaciona com você e assim por diante. Mas sim, é um caminho longo, por isso que psicoterapia não tem prazo e nem se faz com uma sessão. É preciso paciência para entender tudo que lhe diz respeito.