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Síndrome de Burnout. - Prosa e Psicologia
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Síndrome de Burnout.

Síndrome de Burnout.

            Como essa semana temos o Dia do Trabalho, primeiro de maio, decidi dedicar o texto do blog a um tema presente na psicologia e ligado ao mundo do trabalho, a Síndrome de Burnout. Antes de falar da síndrome propriamente dita, gostaria de falar, a título de curiosidade, sobre o dia do trabalho, ou trabalhador. Esse dia remonta a 1 de maio de 1886, quando uma greve foi iniciada na cidade de Chicago ( EUA ) com o objetivo de garantir melhores condições de trabalho, entre elas, se estabelecer uma jornada máxima de 8 horas por dia, nessa época era comum as jornadas duraram 14, 15 horas por dia.

            Hoje a maior parte das jornadas de trabalho se enquadram nessas 8 horas diárias que foram almejadas na greve de 1886. No entanto, se você parar para pensar 8 horas por dia ainda é uma jornada considerável, é um terço da duração do dia, isso de maneira bruta, se você levar em consideração que muitas pessoas levam trabalho para fazer em casa, ou se não levam trabalho, com certeza levam preocupação provenientes do trabalho, essas 8 horas “contaminam” muitas das outras 16 horas restante. Assim, no mundo contemporâneo, o universo do trabalho atravessa o indivíduo de tal forma que fica difícil de expor em um simples texto de blog, o trabalho na contemporaneidade produz identidades e subjetividades, ou seja, o indivíduo se assume como pertencendo a um grupo – de acordo com sua profissão – e passa a pensar como tal.

            Não é à toa que no início dos anos 70 o psicanalista Herbert J. Freudenberger descreve uma síndrome proveniente da rotina de trabalho, o Burnout. Essa síndrome se caracteriza por um forte esgotamento físico e mental provenientes do mundo do trabalho. Muitas vezes o portador da síndrome se torna tão envolvido com o trabalho que no início ele passa a vincular todas suas satisfações e prazeres ao universo do trabalho, nesse ponto a síndrome já está instalada, pois o indivíduo se torna “preso” a esse universo específico, tendo dificuldades de se satisfazer fora dele.

            Apesar de produzir certos prazeres e satisfações, o trabalho consome tanto o indivíduo que em determinado momento a pessoa se torna esgotada, e as dificuldades e frustrações se tornam cada vez maiores, nesse momento as somatizações se tornam muito evidentes e o resto da vida do indivíduo já passa a ser comprometido: família, lazer e afins. A Síndrome de Burnout pode ser dividida em diferentes estágios, são eles:

  1. Dedicação intensificada – com predominância da necessidade de fazer tudo sozinho e a qualquer hora do dia (imediatismo);
  2. Descaso com as necessidades pessoais – comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido;
  3. Aversão a conflitos – o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas;
  4. Reinterpretação dos valores – isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor, sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da autoestima é o trabalho;
  5. Negação de problemas – nessa fase os outros são completamente desvalorizados, tidos como incapazes ou com desempenho abaixo do seu. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes;
  6. Recolhimento e aversão a reuniões (recusa à socialização; evitar o diálogo e dar prioridade aos e-mails, mensagens, recados etc);
  7. Despersonalização (momentos de confusão mental onde a pessoa não sente seu corpo como habitualmente. Pode se sentir flutuando ao ir ao trabalho, tem a percepção de que não controla o que diz ou que fala, não se reconhece). Mudanças evidentes de comportamento (dificuldade de aceitar certas brincadeiras com bom senso e bom humor);
  8. Tristeza intensa – marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido. Vazio interior e sensação de que tudo é complicado, difícil e desgastante;
  9. Colapso físico e mental (Esse estágio é considerado de emergência e a ajuda médica e psicológica se tornam uma urgência)

            Vale lembrar que qualquer trabalhador pode desenvolver a síndrome, no entanto, algumas profissões são mais suscetíveis, é o caso de professores, profissionais da área da saúde, controladores de voo e, por incrível que pareça, em estudantes do ensino superior e pós graduação, apesar de não serem reconhecidos como trabalhadores, o ambiente da graduação e pós-graduação parece ter exigências muito próximas a de um ambiente de trabalho “normal”, se constituindo como um solo fértil para o desenvolvimento do Burnout.

 

 

Homero Belloni

Sou psicólogo (CRP 08/23286) formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), possuo especialização em Clínica Psicanalítica (UEL) e mestrado em Psicologia (UEL). Atendo em clínica psicológica particular sob o olhar da Psicanálise. Atualmente trabalho com adolescentes e adultos na região de Londrina.

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