Paternidade com afeto
Domingo foi Dia dos Pais e para muitas pessoas essa data gera sentimentos às vezes não tão bons assim. Além da ausência da figura paterna, mesmo para aquelas pessoas em que existe a presença, ela é muito contraditória, e então em um momento em que se espera alguma demonstração de afeto, muitos filhos se sentem bloqueados justamente por não terem desenvolvido esse tipo de relação com seus pais.
E por outro lado, esses pais que foram de certa forma presentes, esperam algum tipo de reconhecimento por isso, e podem até se sentir frustrados uma vez que essa data não gera o mesmo sentimentalismo que outras datas, por exemplo. Contudo, vale a pena entender que qualquer relação demanda dos dois lados para que haja uma aproximação saudável, e não será uma data no calendário que irá despertar para questões que nunca foram expostas.
Como, por exemplo, demonstrar afeto e carinho se a única forma de interação paterna veio através de um contato como provedor, que é o modelo mais clássico de paternidade. É difícil cobrar esse filho de uma aproximação que não seja por essa via. É até constrangedor para ambos os lados se aproximar exclusivamente para um abraço, uma vez que esse contato sempre foi restrito.
Com tudo isso, a reflexão que se fica é que por mais tradicional que o modelo de paternidade tenha sido, ele traz consequências que se manifestam nos detalhes, mas que em uma data comemorativa ficam escancarados. A relação pela via do afeto não pode ser apenas da maternidade, mas de ambos, cada um a sua maneira, de forma que a troca aconteça com maior naturalidade, independente da data.