Faça as pazes com a sua história.
Um dos momentos mais importantes do processo de terapia é quando a pessoa percebe o impacto da sua história sobre a queixa que a fez buscar a psicoterapia. E parece óbvio, mas as pessoas não observam isso com facilidade, e quando consegue colocar uma lupa no seu problema, percebe como ele veio de muito tempo antes, ano a após ano se repetindo, sem que ela entendesse como tudo isso se desenvolveu.
Para isso, é muito importante observar o primeiro núcleo social de uma pessoa, aquelas primeiras relações com o outro, que envolve os pais, irmãos ou responsáveis. Esse primeiro contato social que, em sua maioria, se estende por longo período, sendo esses anos iniciais muitos importantes para o desenvolvimento da personalidade, acabam determinando muito como será a visão de mundo, as prioridades, os valores que cada ser humano levará para sua vida. E por mais que ao longo do seu crescimento, você consiga se desvencilhar disso, e buscar sua própria visão de mundo, vale ressaltar que até nessa mudança, existe sim a influência da sua história.
E cada um tem a sua! Por isso a importância de aceitar a sua história, os traumas que lhe ocorreram, suas conquistas… Pois caso a pessoa assuma uma posição de vítima de sua própria história, consequentemente, ela assume uma posição passiva em relação a si mesmo. Enquanto a pessoa olhar sua trajetória colocando a responsabilidade no outro, não conseguirá agir sobre ela, pois ela fica esperando uma reparação daquilo que lhe ocorreu.
O filósofo francês Jean-Paul Sartre tem uma frase valiosa para essa reflexão: O mais importante de tudo, não é o que fizeram de você, mas o que você vai fazer com o que fizeram de você. O mecanismo de se questionar a todo tempo e não aceitar sua própria vivencia, gera muito sofrimento, e impede que você consiga fazer algo consigo mesmo. Por isso, aceitar, elaborar, ressignificar sua história é um processo necessário para que a mudança aconteça.