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Refletindo sobre tomar uma “boa decisão” com Milan Kundera. - Prosa e Psicologia
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Refletindo sobre tomar uma “boa decisão” com Milan Kundera.

Refletindo sobre tomar uma “boa decisão” com Milan Kundera.

            Uma das questões mais frequentes na clínica psicológica é “o que eu devo fazer?”, “qual é a melhor decisão?”, seria tão mais simples se a vida viesse com um manual… Percebo que um aspecto que faz muita diferença é como tendemos a nos comparar com os outros quando estamos em situações parecidas com as de outras pessoas, e a percepção é que sempre a decisão do outro foi mais simples que a nossa. Mas um detalhe que as pessoas se esquecem é que por mais que a situação pareça semelhante, o fato de serem pessoas diferentes já muda todo o contexto.

            Esse raciocínio tem muito a ver com a visão de algumas pessoas da depressão, para os outros parece tão simples resolve-la e quando você se vê sem motivação e esperança nenhuma para tomar uma decisão que parecia simples, o sofrimento aumenta, já que a sensação de ser incapaz vem à tona. Ter essa consciência de que ninguém é igual a ninguém, e que por mais parecida que seja uma vivência da outra, cada um a vivencia da forma que lhe faz sentido.

            E é por isso que a ideia de ter um manual para se viver também não faz sentido, pois não existe decisão certa ou errada, existe a decisão que naquele momento você foi capaz de tomar, dentro do que você vivia naquela época, seu nível de maturidade, o que priorizava… enfim, viver é algo inédito para cada um. Ficar se comparando só irá causar mais sofrimento, já que a realidade é que olhando de fora, parece simples a escolha do outro, mas ninguém sabe a angústia que pode ter sido ter feito essa escolha. Somos espectadores da vida dos outros, mas somos atores de nossas próprias vidas. Deixo aqui essa citação do livro A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera.

“Não existe meio de verificar qual é a decisão acertada, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já e a própria vida? É isso que leva a vida a parecer sempre um esboço. No entanto, mesmo esboço não é a palavra certa, pois um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro.”

Eloisa Sobh Ambrosio

Sou psicóloga (CRP 08/23287) formada pela Universidade Estadual de Londrina e atendo na clínica psicológica a partir da abordagem da Análise do Comportamento. Estou concluindo uma especialização na PUC - Londrina em Análise do Comportamento Aplicada, mais conhecida como ABA. Atualmente trabalho com adolescentes e adultos na região de Londrina.

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