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Analisando a série "Freud" da Netflix. - Prosa e Psicologia
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Analisando a série “Freud” da Netflix.

Analisando a série “Freud” da Netflix.

          Uma série muito comentada nesses últimos dias é “Freud” da Netflix. Para quem é do meio Psi provavelmente já escutou a respeito do seriado que leva o nome do pai da psicanálise. A ficção é polêmica e divide opiniões. No entanto, para quem pretende assisti-la não espere algo que retrate a realidade ou tenha grande valor histórico acerca da vida de Freud. Mesmo não buscando um retrato fidedigno da vida do médico austríaco, a série se utiliza de alguns recursos históricos verdadeiros para compor a ficção, logo acho importante apontar algumas coisas reais na série, que são:

  • Cocaína: embora série mostre isso de forma exagerada, o psicanalista no início de seus estudos acreditou que a cocaína poderia curar alguns problemas psicológicos e ele mesmo fez uso da droga.
  • Martha: a noiva de Freud na série é sim a mulher com quem ele se casou e constituiu sua família.
  • Breuer: como exposto no seriado, ele foi uma espécie de mentor de Freud e atendeu uma paciente chamada Bertha Pappenheim, essa se apaixona por ele no decorrer do tratamento e acaba sendo encaminhada para o Freud (toda essa temática é abordada na ficção da Netflix). O caso de Bertha Pappenheim ficou conhecido como Anna O. Freud altera o nome da paciente para que ela não fosse reconhecida e está transcrito no livro “Estudos sobre Histeria” de 1895.
  • Hipnose: como a questão da cocaína, na série é exposto de forma exagerada, mas sim, ele usou da hipnose para acessar conteúdos inconscientes no começo de sua carreira. No entanto, ele mesmo abandona o método por ser pouco eficaz, posteriormente ele aponta uma série de questões problemáticas da hipnose e de sua ineficiência para um tratamento psicológico.

          Exposto essas questões reais e históricas da série, o restante é uma maneira lúdica de se falar sobre conceitos psicanalíticos. Para quem assiste ou pretende ver a série perceba que todo episódio tem um título que é uma espécie de conceito ou tema da psicanálise como: Histeria, Trauma, Totem e Tabu, dentre outros. Dessa forma, todo capítulo expressará de uma maneira quase onírica tal conceito. No episódio do “Totem e Tabu” por exemplo, mostra uma série de personagens desafiando ou agredindo autoridades, o próprio personagem Freud agride seu pai nesse capítulo, pois o livro “Totem e Tabu” de Freud trata dessa questão. Logo, a série é quase que uma tentativa de se retratar alguns conceitos da psicanálise através do fantástico.

          Posto tudo isso, qual minha opinião sobre a série? É uma série muito boa para quem é do meio e tem recursos teóricos para compreender o que está sendo expresso ali. Para outras pessoas a série não passará de uma “estória investigativa e mística” e aí é que está o problema. Para grande parte das pessoas a psicanálise já é algo um tanto estranho, com certo misticismo e a série pode acabar reforçando essa ideia na cabeça de pessoas leigas. O próprio Freud em vida fez questão de se distanciar de tais concepções justamente pelo preconceito em relação a teoria psicanalítica, inclusive foi um dos motivos de romper com Jung quando esse se aproxima do misticismo. Dessa forma, apesar de ter compreendido e gostado da série acredito que ela teve esse lado, de ser uma série “para quem é do meio” e assumindo o risco de passar uma imagem muito distorcida de Freud e da psicanálise.

Homero Belloni

Sou psicólogo (CRP 08/23286) formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), possuo especialização em Clínica Psicanalítica (UEL) e mestrado em Psicologia (UEL). Atendo em clínica psicológica particular sob o olhar da Psicanálise. Atualmente trabalho com adolescentes e adultos na região de Londrina.

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