A medicação e a subjetividade humana
Na atualidade, vivemos um excesso de diagnósticos de transtornos psíquicos. Hoje qualquer comportamento ou conduta “desviante” podem ser diagnosticados. Dessa forma, cresce cada vez mais o uso de medicamentos psiquiátricos para essas finalidades, e as pessoas são levadas a acreditar que a medicação irá solucionar qualquer problema.
Há uma tendência na contemporaneidade de se resolver os “problemas” humanos através de medicamentos, somos levados, desde a infância, a acreditar que medicamentos são soluções para diversos aspectos de nossas vidas, inclusive quando estamos com problemas subjetivos. Se estamos tristes de mais por uma perda, somos diagnosticados com depressão e medicados para tal, se estamos apreensivos com certas questões no trabalho, podemos ser rotulados de ansiosos e sermos medicados para isso. Uma quantidade significativa das pessoas que chegam ao consultório psicológico faz ou já fez uso de algum medicamento psiquiátrico. A questão da medicação é tão presente em nossa sociedade, que até mesmo as crianças são afetadas por ela. É sob o diagnóstico do TDAH que a infância está sendo medicada na contemporaneidade.
A partir disso que foi apontado, somos levados a seguinte reflexão, provavelmente, estamos diagnosticando e medicando aspectos que em outros momentos históricos eram vistos como inerentes a vida. Ficar triste, se sentir ansioso, ter crises existenciais é do ser humano, todos esses aspectos compõe a essência do homem. Ou seja, tirar isso é nos desconectar do que nos é mais humano, grande parte de nossa tristeza, ansiedade e sintomas subjetivos devem ser encarados como sinais para refletirmos sobre nossas vidas, e a partir dessa reflexão chegarmos a uma solução. Um remédio não irá “arrumar” seu relacionamento, não deixará seu ambiente de trabalho mais tranquilo, muito menos trará pessoas de volta. Nem sempre a atitude mais simples é a solução.
Para terminar, só gostaria de fazer a ressalva de que de fato existem transtornos que precisam de medicamentos e um acompanhamento psiquiátrico, o texto só chama a atenção para os excessos que esse aspecto vem ganhando em nossa cultura.